O impacto das apostas online na vida dos jovens brasileiros tem se tornado uma questão alarmante nos últimos anos. Dados recentes indicam que 34% dos jovens entre 18 e 35 anos adiaram seu ingresso no ensino superior em 2025 devido a despesas com jogos de habilidade na internet. Essa realidade é destacada pela pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), que revela um cenário preocupante sobre como os gastos com apostas, como o famoso “jogo do tigrinho”, estão interferindo nos projetos de educação dos jovens. A questão ganha ainda mais relevância ao considerar as diferenças regionais e socioeconômicas no Brasil, com um impacto muito maior nas classes de menor renda.
Despesas de apostas e a educação: um desafio contemporâneo
Em 2025, o cenário educacional brasileiro está intimamente ligado ao comportamento dos jovens diante das apostas online. A pesquisa realizada pela ABMES e Educa Insights, que incluiu 11.762 entrevistas ao longo de apenas cinco dias, mostra que o acesso à educação superior é um dos compromissos mais afetados por essas despesas. Em regiões específicas, como no Nordeste, essa realidade se agrava, com 44% dos jovens afirmando que devem parar de apostar para ingressar na faculdade. No Sudeste, o impacto também é significativo, atingindo 41%.
Entre os jovens da classe D e E, a situação é ainda mais alarmante. Com 43% afirmando que precisam interromper seus gastos com apostas para conseguir iniciar seus estudos em 2026, é evidente que as ações e políticas públicas precisam ser repensadas. O contraste é forte quando observamos a classe A, onde esse número é de apenas 22%. Isso evidencia uma desigualdade educacional crescente, onde o acesso à educação é dificultado pelas apostas, especialmente para os mais vulneráveis.
| Região | Percentual de jovens que adiam ingresso na faculdade |
|---|---|
| Nordeste | 44% |
| Sudeste | 41% |
| Classe D/E | 43% |
| Classe A | 22% |

O efeito das apostas sobre a saúde financeira
Os gastos com apostas, além de afetar diretamente a educação, também comprometem a saúde financeira de muitos jovens. Em média, os entrevistados gastam mais de R$ 350 por mês com apostas online, e essa cifra representa um aumento significativo em comparação aos anos anteriores. O engajamento contínuo em plataformas como Bet365, Betfair, PokerStars, entre outras, não só ocupa tempo, mas também recursos que poderiam ser priorizados em investimentos da educação e da saúde.
- 45,3% dos jovens afirmam apostar de uma a três vezes por semana.
- 24% cortaram gastos com academias e atividades físicas devido às apostas.
- 28% diminuíram frequência em refeições fora de casa e encontros sociais.
Essas decisões financeiras podem transmitir um ciclo vicioso, onde o desejo de ganhar rapidamente se sobrepõe à necessidade de organizar o orçamento e focar em objetivos mais duradouros, como a formação acadêmica. A pressão social, amplificada pela presença de influenciadores digitais no mundo das apostas, torna essa questão ainda mais complexa.
Evasão e comprometimento no ensino superior
A evasão escolar já é um tema bastante debatido na educação brasileira, mas a crescente preocupação com o impacto das apostas online sobre a continuidade dos estudos eleva essa discussão a um novo patamar. Um dado alarmante revela que 14% dos jovens matriculados em cursos superiores já atrasaram suas mensalidades ou trancaram suas matrículas por causa das apostas. No Nordeste, essa proporção sobe para 17%.
A situação é crítica especialmente em instituições de ensino privado, onde os custos são mais elevados. Muitos jovens se vêem obrigados a abrir mão dos seus sonhos acadêmicos para priorizar gastos com apostas, o que cria um estigma social e econômico em torno de suas escolhas. A falta de recursos para arcar com as mensalidades, associada à necessidade de pagar apostas, resulta em um dano irreparável à formação desses indivíduos. Sem dúvida, essa realidade lança uma sombra sobre o futuro desse público.
| Percentuais de evasão por região | Taxa de evasão |
|---|---|
| Nordeste | 17% |
| Sudeste | 14% |
| Classes D/E | 43% |
| Classes A | 22% |
Medidas necessárias e responsabilidade social
Diante desse panorama, é fundamental que diferentes setores da sociedade se unam para mitigar os efeitos negativos das apostas online sobre a juventude. É necessário promover campanhas educacionais que conscientizem os jovens sobre os riscos envolvidos nas apostas e incentivem a escolha de investimentos mais saudáveis e construtivos, como o estudo e o desenvolvimento pessoal.
- Programas de apoio psicológico para jovens versados em apostas.
- Início de campanhas públicas de conscientização.
- Criação de espaços de diálogo sobre os efeitos das apostas no cotidiano.
O engajamento de escolas, universidades, e até mesmo plataformas de apostas pode resultar em um debate construtivo que foque na educação e responsabilidade social. A legalização e regulamentação desta prática também se tornam tópicos relevantes neste debate, visto que isso pode oferecer uma estrutura que impeça o abuso e o vício entre aqueles que frequentemente apostam.
Apostas e tecnologia: a nova era do entretenimento
A ascensão das apostas online não é apenas um fenômeno social e econômico, mas também tecnológico. O crescimento de plataformas como Steam, PlayStation, e Xbox transformam o modo como os jovens interagem com o entretenimento. Jogos como League of Legends permitem que apostas sejam feitas em partidas, envolvendo a audiência de forma intensa e direta.
Esse novo ambiente digital leva a uma nova forma de consumo, onde a linha entre diversão e responsabilidade pessoal se torna cada vez mais tênue. As plataformas facilmente acessíveis trazem implicações não apenas financeiras, mas também sociais e emocionais. As marcas devem se responsabilizar por educar e informar os usuários sobre as práticas de apostas.
| Plataformas de apostas populares | Tipo de apostas disponíveis |
|---|---|
| Bet365 | Esportes, cassino, poker |
| Betfair | Trocas esportivas, cassino |
| PokerStars | Poker online |
| Mercado Livre | Leilões de jogos e apostas |

O papel da sociedade e do governo
O desafio de lidar com o efeito das apostas online sobre a juventude transcende a esfera individual, demandando ações coordenadas entre governo, sociedade civil e indústria. O debate sobre a CPI das Bets, que se propõe a investigar o impacto das apostas na saúde mental e no orçamento das famílias, é um exemplo claro dessa necessidade de coleta e análise de dados.
Investigações e regulamentações são fundamentais para que os jovens possam ter acesso à educação sem interferências externas prejudiciais. A relatora Soraya Thronicke, durante a discussão da CPI, destacou a necessidade de indiciar influenciadores que promovem comportamentos negativos, embora o relatório tenha sido rejeitado. Essa postura evidencia a urgência de um olhar crítico e responsável sobre as apostas na sociedade contemporânea.
- Estabelecimento de políticas públicas voltadas para a educação financeira.
- Incentivo a práticas de jogo responsável.
- Colaboração entre instituições educacionais e plataformas de apostas para a sensibilização dos jovens.